Steven tem um escudo. Connie tem uma espada. Steven é sensível. Connie é determinada. Ao inverter as qualidades e disposições normalmente atribuídas a cada gênero, Steven Universe expande as possibilidade guardadas para cada uma de nossas existências: a parte masculina da audiência se sente liberada para ter qualidades tidas como femininas. A parte feminina da audiência se sente igualmente livre para buscar as virtudes consideradas exlusividade de um universo masculino. É por essa e outras razões que Steven Universe representa uma evolução notável dentro da animação ocidental e no papel reservado para as animações dentro de nossa cultura. A representatividade feminina também é benéfica aos homens, inclusive àqueles que consideram “feminismo” um palavrão. Ter abetura e possibilidade de existir de maneira sensível e empática é libertador. Ter mulheres inseridas dentro das subculturas masculinas também torna essas subculturas mais diversas e interessantes. Steven Universe sabe disso e faz questão de ajudar o mundo a evoluir nesse sentido.

METEORO RECOMENDA

Olympe de Gouges, de Jean-Louis Bocquet e Catel Muller

Nessa Graphic Novel, conhecemos a história da autora responsável pela “Declaração dos Direitos da Mulher” e a crueldade inerente a qualquer revolução. Olympe redigiu sua grande obra ainda no século XVIII, quando direitos civis eram uma coisa quase obscena. Morreu na guilhotina.

Beyond Good and Evil, Play Station 2

Nesse jogo, somos apresentados a Jade, uma protagonista feminina como nenhuma outra em sua mídia. Se cedermos espaço para os pedidos de uma representatividade feminina mais justa e decente na cultura, o pior que pode acontecer é termos mais jogos como esse – e esse jogo é maravilhoso! Beyond Good and Evil equilibra narrativa e exploração em um universo ficcional que soma as inspirações das utopias visuais de Hayao Miyazaki e das distopias reais de George Bush pós 11 de setembro.