É justo dizer que o niilismo é uma espécie de antifilosofia. Enquanto a filosofia trata de buscar e plaicar significados ao mundo, o niilismo trata de ignorá-los e negá-los. Também é justo dizer que o niilismo é a filosofia do século XXI. Ou seja: a filosofia do nosso tempo é a antifilosofia. Talvez por isso, tantos entre nós sejam a favor da ideia de excluir por completo a filosofia do meio educacional. A presença do niilismo nas ficções que consumimos é representativa dessa história. Em Rick & Morty, ele aparece mais bem representado do que nunca, em todos os seus efeitos e em toda a sua complexidade. Rick é o niilismo encarnado: ele nos deixa constrangidos, ele nos deixa confusos, ele nos deixa enojados em alguns momentos e fascinados em outros. A busca por significado é a atividade fim da consciência humana. Se somos máquinas, somos máquinas mágicas feitas para encontrar e atribuir significados a tudo o que vemos pela frente. Abraçar o niilismo significa nigar nossa própria função no mundo. Talvez por isso, essa postura antifilosófica seja tão sedutora: é um ato de subversão e isso tem lá seu charme.

METEORO RECOMENDA

Shows about Nothing: Nihilism in Popular Culture, de Thomas Ribbs

Primeiro, Holywood tentou manter distância do niilismo, depois foi se aproximando dele gradualmente. Parte dessa história está contada nesse livro. A outra parte – e o resultado final da trajetória cultural narrada aqui dentro – é Rick & Morty. Também está aqui uma lista dos estímulos que todo e qualquer artista recebe para retratar o pior da humanidade em sua obra. Entendendo melhor os produtos culturais que você consome, você entenderá você mesmo.