Berserk, a obra máxima de Kentaro Miura tem dois polos indutores de sua narrativa. O primeiro polo está em Guts, o guerreiro que sobreviveu a um passado de abusos e traumas, concentrado somente na missão de sobreviver. O segundo é Griffith, o plebeu ambicioso para quem apenas sobreviver não basta. Da interação entre os dois nascem os atritos que movem a história. Guts, tendo vivido a vida de um soldado, só estará livre para encontrar uma razão para sua existência quando lidar diretamente com o tema da obediência, muito presente na cultura de um guerreiro como ele. O chamado arco da “era de ouro” de Berserk coincide com o período do Guts obediente. O rompimento dessa relação de subserviência só é atingido depois de levar Guts ao extremo de matar uma criança em nome dos interesses de seu superior. O caráter trágico da narrativa e a representação visual explícita do acontecimento fazem da cena um momento especialmente visceral da história dos animes.

METEORO RECOMENDA

Ima, Soko ni Iru Boku (Now and Then, Here and There)

Esse anime, com 13 episódios, tem momentos tão fortes e pesados quanto o arco de Berserk mencionado acima, embora ninguém jamais fosse desconfiar disso se observasse apenas a sinopse. Ima, Soko ni Iru Boku conta a história de Shu, um menino que pratica kendo e é transportado para um mundo paralelo que precisa ser salvo de uma ameça perigosa. Pode parecer uma história de aventura alegre para toda a família, mas não se engane: até os mais veteranos fãs de Berserk poderiam ficar chocados e desconcertados com os aspectos mais dolorosos da jornada de Shu.