A relação entre polícia e imprensa é abordada de maneira direta no episódio Jornal do Quintal. Aqui, está demonstrado o ímpeto de transformar tragédia em espetáculo trazido pelo encontro das autoridades da segurança pública e das autoridades do controle da informação. Muito do que acontece no episódio pode ser interpretado como metáfora de acontecimentos da história recente da atividade jornalística brasileira. O palhaço militar, nesse episódio, representa a autoridade policial e busca qualquer desculpa para empreender o uso da violência. Ao lado dele está o jornalista, que se esforça para fazer essas desculpas esfarrapadas parecerem razoáveis. Durante o episódio, o responsável pela segurança da sociedade diz que “o homem macaco já derrubou três pipas” e que “o jeito é bombardear a casa” em que ele está. O absurdo da constatação é incentivado pelo jornalista ao seu lado, que imediatamente declara que o homem macaco “não pensa nas crianças”. A crítica é sutil, mas faz uma declaração pesada sobre os erros tradicionalmente cometidos tanto pela polícia quanto pela imprensa. Esse episódio foi escrito por…

METEORO RECOMENDA

Arnaldo Branco

O roteiro por trás de Jornal do Quintal é obra dele. Há dois livros de Arnaldo Branco disponíveis por aí: Mau Humor e Mundinho Animal. Em ambos, o leitor vai encontrar críticas sociais do mesmo teor das inseridas no episódio de Irmão do Jorel. Mau Humor e Mundinho Animal priorizam narrativas curtas e conclusões rápidas, em quadrinhos de visual simples, econômico e eficiente. Igualmente válida é a “entrevista ilustrada” concedida por ele para a Idea Fixa, anos atrás. Nessa entrevista, puramente imagética, o cartunista e jornalista responde todas as perguntas com imagens diversas retiradas de diversos cantos da internet.