O tema mais pesado de todos também é inevitável. No remake de Thundercats, a audiência é induzida a pensar sobre a morte através dos Petalars, criaturas que vivem e morrem em apenas um dia. Embora ainda mais efêmeros, eles atravessam suas vidas curtas de maneira semelhante à dos humanos. Emrick é uma dessas criaturas. Toda sua vida de 24 horas foi dedicada a um único objetivo: voltar para o lar de seus ancestrais. Emrick morre antes de realizar seu grande desejo e faz tanto os Thundercats quanto a audiência se perguntarem como a vida deve ser vivida. A conclusão dos Thundercats é a de que eles devem assumir os próprios riscos e viver de maneira mais intensa e plena, já que a morte é inevitável. O peso do tema e o medo provocado por ele tornam quase obrigatória uma abordagem religiosa. O episódio tenta fugir dessa quase obrigação recorrendo a Mark Twain, autor esperto para quem â morte não deve ser um incômodo porque estivemos mortos por bilhões e bilhões de anos antes de nascer e nenhum de nós tem qualquer lembrança de ter sofrido durante esse largo período. A abordagem de Twain traz conforto em relação a morte de maneira quase racional, algo que um dos maiores clássicos do cinema nos diz que jamais poderia ser feito…

METEORO RECOMENDA

O Sétimo Selo

Está nesse filme clássico de Ingmar Bergman a famosa cena em que um homem, depois de voltar de sua cruzada, disputa uma partida de xadrez com a morte. O xadrez está ali como uma alegoria da racionalidade. Jogar xadrez com a morte não é apenas de uma tentativa de vencê-la, é também um esforço para compreendê-la a partir da mente racional porque a vitória no jogo não pode vir sem racionalidade. No fim, só escapa da morte uma família de artistas; gente que, pelas características do ofício, vive mais de criatividade e intuição que de racionalidade.