BoJack Horseman e a família disfuncional
Família é um tema central nessa animação. Os episódios da série produzidos depois das constatações desse vídeo reforçaram a interpretação. Exemplo: BoJack, depois de um momento de crise, visita a casa da infância de sua mãe. Num primeiro momento, ele tenta cuidar da propriedade, se engaja em tarefas de reforma e manutenção. Eventualmente, ele acaba destruindo o lugar. É uma representação simbólica de processos muito conhecidos por qualquer um que tenha vivido uma infância de abusos. Primeiro, a vítima tenta negar o caráter perverso da infância proporcionada a ela; tenta manter a imagem da família – isso é BoJack tentando manter a casa de pé. Eventualmente, após as crises mais significativas da vida adulta, a vítima aceita esse passado, torna-se consciente dos seus efeitos no presente, e passa a ser capaz de contornar as limitações impostas por um passado triste – isso é BoJack derrubando a casa.
METEORO RECOMENDA
Wes Anderson
A relação entre a família disfuncional e a negação da disfunção também está presente nos filmes de Wes Anderson. Os Excêntricos Tenenbaums é o exemplo mais flagrante, mas não é o único. Viagem a Darjeeling também toca no assunto. Moonrise Kingdom faz o mesmo e entra nessa lista, mas com muita sutileza: nesse filme, crianças que se comportam melhor que adultos fazem o possível para ficar longe deles.
O Castelo de Vidro
A jornalista Jeanette Wall viu o mundo do topo: como colunista social, frequentava os lugares mais caros de Nova York e andava na companhia das pessoas mais ricas do mundo. Enquanto isso, a mãe dela morava nas ruas e revirava latas de lixo. Na autobiografia, O Castelo de Vidro, ela explora o passado cruel de sua família que gerou tais circunstâncias.